AS QUATRO INVISUALIDADES, CARLOS VIDAL
Título: AS QUATRO INVISUALIDADES
Autor: Carlos Vidal
Capa (segundo sugestão do autor) e paginação: Rui Miguel Ribeiro
imagem da capa: pormenor de 'The Rokeby Venus' de Diego Velázquez (1647-51), National Gallery
1ª edição, Outubro 2021
160 páginas
Terceiro título da Colecção SANGUÍNEA
Saguão 20
Tiragem de 750 exemplares
ISBN: 978-989-54831-5-0
«Vários objectivos guiam este livro em simultâneo. Aliás, é mesmo afirmado ao longo do trabalho que os seus conceitos centrais — visual, invisual, visível e invisível — apenas podem ser definidos se em conjunto e interacção. Que não “fusão”, pois cada conceito ou realidade ilumina a outra, em manutenção de relativa autonomia. E daqui nascerá um novo entendimento da pintura, das artes visuais que se projectam na música (arte nocturna em Jankélévich), levando as artes ao campo de todos os sentidos.
No ocidente cartesiano a pintura é uma arte ocular, ou seja, visual. Acontece que essa visualidade gera a suspeição ocular, sobretudo no século XX; ocularidade já questionada no romantismo, em Herder, Novalis, Beethoven, Wagner: a música não é ocular, ela é um discurso (próprio), como nos diz Nikolaus Harnoncourt. Sinteticamente, elabora-se um trajecto de Descartes a Debord ou Derrida, passando por Ernst Bloch e a música, sobretudo pelo “caso” Wagner (ou pelo sofrimento de Wagner, retomando um ensaio de Thomas Mann) e a “arte total”.
Outro momento do texto é a questão da interpretação: o “caso” Velázquez e de Las Meninas. Ora, se o mais enigmático dos quadros suscita uma infinitude de interpretações, ter-se-á de considerar que uma infinitude de interpretações é a prova de que a interpretação não será a melhor maneira de relação com a obra de arte: interpretar sem fim não é interpretar. Mas tal demonstra que o quadro é interpretável. E que o interpretável se distingue da interpretação. É nestas situações que percebemos que o sentido da visão não nos basta.
Velázquez e Wagner são disso prova e testemunho.» Carlos Vidal