O ABSOLUTO QUE PERTENCE À TERRA, Maria Filomena Molder
Título: O ABSOLUTO QUE PERTENCE À TERRA
Autor: Maria Filomena Molder
Fotografia na capa de Jorge Molder da série Zerlina, uma narrativa, 1989.
Revisão: Mariana Pinto dos Santos
Design e paginação: Rui Miguel Ribeiro
1a edição nas Edições do Saguão,
[Originalmente publicado no ano de 2005 pelas Edições Vendaval].
Edição revista e melhorada.
Setembro de 2020
ISBN: 978-989-54831-1-2
Tiragem 1000 exemplares
Colecção SAGAZ, 3
Saguão, 12
128 páginas
«Estará a arte à altura desta desfiguração? Poderá a arte trazer à expressão o tempo de todos os horrores, num tempo em que não há uma imagem do mundo que não se dissipe e não seja desmembrada?
Estas perguntas depõem-nos de imediato no coração do litígio entre a arte e a vida. A dificuldade em distinguir a arte da vida é apresentada como uma objecção contra a arte ou um lamento sobre a decadência da arte ou mesmo um ataque contra a arte. Mas a dificuldade simétrica também é pesada de consequências, a dificuldade de fazer a passagem em relação à vida a partir da arte. Podemos enunciá-las a ambas sob forma interrogativa: o que é que isto tem a ver com a vida ou com a arte, e o que é que a arte faz à vida? O que está aqui à vista é o paradoxo próprio daquela actividade, daquele sistema de valores, que procura por si própria figurar o drama humano, purificando-o, profetizando acerca dele, aprofundando as suas tensões próprias, golpeando o seu próprio vulto com elas, por isso a arte fixa ela própria as suas leis e não pode deixar de, simultaneamente, se opor a elas.»