PLANETA SIMBIÓTICO: um novo olhar sobre a evolução, LYNN MARGULIS
Título: Planeta Simbiótico, um novo olhar sobre a evolução
Autor: Lynn Margulis
Título original: Simbiotic Planet, a new look at evolution
© Sciencewriters (Dorion Sagan), todos os direitos reservados
Tradução: Miguel Cardoso
Tradução do posfácio: Rui Pires Cabral
Traduções de Emily Dickinson: Mariana Pinto dos Santos, com excepção dos capítulos 4 e 6, onde são usadas as traduções de Jorge de Sena e Ana Luísa Amaral, respectivamente.
Revisão: dos editores e de Miguel Cardoso
Imagem na capa: The Cell Never Rests 2, Shoshanah Dubiner, www.cybermuse.com
Design e paginação: Rui Miguel Ribeiro
Nono título da colecção Sagaz
Saguão 38
1a edição
Março de 2025
Tiragem 1000 exemplares
ISBN 978-989-35441-2-9
Depósito Legal: 544983/25
«Ao descrever a vida na Terra como um processo evolutivo de comunidades microbianas ao longo de muitos biliões de anos — desde os procariotas que impediam o equilíbrio termodinâmico da atmosfera terrestre até aos eucariotas enquanto seres poligenómicos —, o trabalho interdisciplinar de Margulis influenciou profundamente diversos campos científicos, incluindo a sistemática, as teorias da evolução do metabolismo, a paleobiologia e a biogeoquímica. Contrariando a narrativa neodarwinista de que a especiação ocorre quase sempre pela acumulação gradual de mutações aleatórias, o trabalho dela dá um novo impulso a uma antiga especulação filosófica do pré-socrático Empédocles, segundo a qual os primeiros seres da Terra surgiam tanto por fusão como por reprodução diferenciada (ou seleção natural), especulação essa que seria descartada por Aristóteles, provavelmente por parecer evocar quimeras mitológicas que não tinham lugar na biologia observacional, e mais tarde por Charles Darwin, que referiu a rejeição de Empédocles por Aristóteles para demonstrar que este conhecia mas não aceitava a seleção natural, e passar então a defender a sua própria tese científica perante uma cultura victoriana cujo pensamento sobre as origens da vida era dominado não pela mitologia grega, mas pelo criacionismo cristão.
Embora Margulis não tivesse sido a primeira a propor tais ideias, a sua ciência impelida pela curiosidade, a sua ética profissional colaborativa, o seu estatuto enquanto mulher e a sua postura filosófica crítica perante um meio científico dominado pelos homens, tudo isso se misturou para dar origem a uma nova síntese científica à qual sugeri chamar simbiogenética. Ainda que não tivesse sido ela a primeira a sugeri-la, a sua defesa da emergência evolutiva de formas de vida a partir de seres muito diferentes entre si — a simbiogénese — deve-se em parte ao seu naturalismo, isto é, à sua relação imersiva e empática com os organismos que estudava.»
Dorion Sagan