“A Balada de Amor e de Morte do Porta-Estandarte Christoph Rilke” foi, segundo o seu autor, escrita numa única noite, em 1899. Rilke insistiu sempre nesta narrativa sobre a génese da obra, apesar de ela ter conhecido três versões diferentes, entre 1899 e 1906. Rilke considerava-a algo imatura; não via com bons olhos as tentativas de tradução da “Balada…”, e nenhuma delas o terá deixado satisfeito. Para o escritor, muito do interesse do texto estaria, justamente, na utilização da língua, da linguagem, das palavras; assim, qualquer tradução deixaria de ser ‘aquela’ obra, ela desapareceria, necessariamente, na sua versão para outra ... Ler mais
«Leopardi incorporara de tal forma a torrente imemorial dos Antigos, que podia manejá-la, lírica e subjectivamente, como se reescrevesse o clássico por dentro. […] Os exemplos canónicos servem-lhe como auctoritates, mas também como armas de arremesso, técnicas de ataque e instrumentos de uma ironia implacável. É o caso de Marcial, “que, quando alguém lhe perguntava por que motivo não lhe lia os seus versos, respondia ‘para não ouvir os teus’” (p.43). […] Em tudo quanto escreveu, esteve sempre presente o mesmo cuidado formal, um empenho infatigável em fazer jus aos modelos e às realizações do passado, cunhando sobre elas o ... Ler mais
«Um poema de Alberto Pimenta motiva sempre uma descida inesperada e irremediável dos níveis de previsibilidade e segurança. Porque todo o trabalho de Pimenta é risco e imoderação. A sua actuação é de uma permanente imponderabilidade. O poema, este poema, é uma imparável máquina produtora (e revolucionária) de sentidos. A fluidez com que avança o verso, sem quase quebras estróficas ou organizadoras, equivale ao modo contínuo como os temas se entrelaçam uns pelos outros. E nadase torna acumulação, pois do que se trata é de uma certa naturalidade, uma espécie de inevitabilidade. É o modo altamente orgânico como os elementos ... Ler mais