Os cento e onze fragmentos que Giacomo Leopardi redigiu ou reformulou entre 1831 e 1835, e que foram publicados após a sua morte, antes dos 40 anos, em 1837, são uma destilação do famoso “Zibaldone”, as quase cinco mil páginas de anotações que este aristocrata erudito e infeliz nos deixou.
Tal como os livros dos “moralistas” franceses (um dos quais, La Bruyère, é citado), esta colectânea (aqui em edição bilingue, e com um substantivo posfácio) propõe-se comentar a conduta humana, os hábitos sociais, as lições da experiência. Mas não se pense que Leopardi apenas verifica comportamentos: percebemos que supõe conhecer ... Ler mais
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«Porque este poeta não permite descanso: a sua força poética tem pulsão de performance, mas tem igualmente a subtileza rara de uma erudição discreta, não menos exigente. Poesia de contrastes, como de contrastes é feita a sua personalidade, que assim se manifesta: no dito e no seu oposto, no aceite e no recusado – e sempre com uma veemência que nos apanha em contrapé.
Se num lado (pp.78-79) exprime em versos aparentemente tranquilos o que foi Tróia, com a Bela Helena, a sua perfeição, logo do outro nos atira à cara que ... Ler mais
«Era um medonho brasio” (p.31); “Olhando para lá da sombra vi as serpentes marinhas:/ Moviam-se ao longo de linhas/ Cujo rasto alvejava./ De cada vez que se erguiam uns brancos flocos caíam/ E eram a luz encantada.” (p.33) O medo surge dramatizado de forma engenhosa e impressiva — “Como duma taça, o medo sorvia-me do coração/ O coração da minha vida.” (p.27) Num navio de terror, a Morte e a Morte-em-Vida jogam aos dados a sorte dos embarcadiços. O destino do Velho Marinheiro viria a ser o de rumar, “errante como a noite” (p.57), forçado a revelar no seu exemplo ... Ler mais